— O arco dramático da novela está muito na cabeça do João (Emanuel Carneiro, autor). Ele não segura trama. A previsão é que meu personagem morra entre os capítulos 100 e 110. Já estamos na faixa dos 50, então o cerco começa a se fechar mesmo. Ele está saindo daquele lugar inatingível, e mostra as fragilidades desse vilão. A volta da mulher traz à tona segredos até então protegidos — analisa Moscovis.
Esse reencontro foi pensado pelos atores com a comoção de um relacionamento bruscamente interrompido. A chegada de Lara, ele enfatiza, tem um efeito direto sobre o cientista: humaniza-o, sem, contudo, esconder sua perversidade.
— Para mim, num momento da vida, Orlando determinou que, para seguir em frente, teria que matar aquela lembrança. E quando ela aparece na frente dele, vem uma emoção enorme que ele tenta camuflar. Um turbilhão. Lara, muito colorida, muito solar, tira esse cara do lugar sombrio. Ela joga luz, amedronta um pouco Orlando, desnorteia. Ele precisa lidar com isso. O cara tem sentimentos, né? — reforça ele, indicado ao Prêmio Extra de TV na categoria Ator Coadjuvante (veja ao lado).
A expectativa é saber como o vilão vai lidar ao perceber que está perdendo o controle. Pressionado, ele seria capaz de matar de novo?
— Falando com o distanciamento, tudo é possível. Esse cara pode, de tão atormentado, ser passional. A figura apaixonada, sem saber como conviver com isso, assassina a pessoa. A gente vê isso na vida. Grandes amantes que em momentos de rompantes podem matar — reforça.
Mérito de uma trama instigante, as especulações não ficam restritas ao público ou aos jornais. O elenco também se vê diante de questões sem respostas. As indagações preenchem as conversas do grupo no WhatsApp que o núcleo da família de Gibson Stewart (José de Abreu) mantém.
— É curioso quanto nós atores também nos envolvemos com isso. Acho engraçado ver o Zé e a Renata (Sorrah, a Nora da novela) especulando... E é uma coisa positiva. O João tá levando a gente para esse lugar. Temos consciência que tudo pode acontecer. Qualquer um que aparece, a gente acha que é o Pai: “Olha, não fala assim com fulano, que ele pode ser o Pai” — conta Moscovis, que prefere não arriscar um palpite.
Afastado das novelas desde o fim de “Alma gêmea” (2005), o ator afirma ter ganhado ritmo no desenrolar da atual trama, beneficiado por um volume tranquilo de cenas. A conta fica mais intensa com a chegada da garçonete, e Moscovis enxerga o momento com entusiasmo. A experiência de décadas é usada para diluir a energia pesada que preenche o personagem:
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