O brasileiro viveu nos últimos tempos uma angustiante overdose de Bruna Marquezine/Marina Ruy Barbosa/Isabelle Drummond
nos principais papéis de novelas da Globo. Marquezine apareceu como
“mulher” em “Salve Jorge”, passou a namorar Neymar, se tornou uma das
mais badaladas celebridades do país e logo foi chamada para protagonizar
“Em Família” aos 18 anos. Hoje, aos 19, ela estrela a sua segunda trama
seguida: “I Love Paraisópolis”.
Talvez muito para quem, apesar de talentosa, nunca demonstrou ser uma profissional “fora do comum”.
Marina viveu um longevo romance com
Klebber Toledo, começou a chamar atenção pela beleza e após ser
co-protagonista de “Império”, além de ter o papel principal de
“Amorteamo”. Agora, a ruiva se prepara para ser a mocinha de “Totalmente
Demais”, próximo folhetim das 19h, aos 21 anos. Rápida ascensão para
uma atriz tão boa como a maioria das outras artistas.
Por fim, Isabelle, a ex-Emília do “Sítio
do Pica-Pau Amarelo”. Acredite, caro leitor: aos 21 anos, “Sete Vidas”
foi a sua terceira novela na Globo como protagonista – antes estrelou
“Cheias de Charme” e “Sangue Bom”, além de estar no núcleo principal de
“Geração Brasil”. O exagero em questão pode ser resumido em duas
perguntas: Por quê? Para quê?
Confundiu-se cruelmente a curiosidade em
torno da vida pessoal das três garotas com o desejo do público de
vê-las nos papéis principais.
A pouca idade das meninas acorda o
telespectador do sonho de embarcar em uma história, quando Marquezine,
em “Em Família”, dirigia carro e era totalmente independente, assim como
Isabelle em “Sete Vidas” e Marina em “Império”. Confuso, o público foge
ainda mais da TV.
Definitivamente, a Globo tem atrizes
muito melhores, mais respeitadas e queridas, e que transmitem ao
telespectador intensidade muito maior quando estão em cena. Apenas para
citar alguns grandes nomes da dramaturgia brasileira que hoje são
meramente sombras do trio, há Mariana Ximenes, Carolina Dieckmann, Taís
Araújo, Cleo Pires, Débora Falabella, Juliana Paes e Priscila Fantin.
Onde estão?
Alinne Moraes e Paolla Oliveira, à frente de “Além do Tempo”,
representam um raio de sol em tempos sombrios. A discussão não gira em
torno de talento, mas da inversão de valores que o país atravessa.
Antes, uma celebridade surgia quando a artista se mostrava diferenciada
após o “gravando”. Hoje, é o inverso. E só o inverso.
Antes, a boa atriz virava celebridade.
Atualmente, a celebridade quer virar uma boa atriz. Esse é o caminho
curto e perigoso para voltar a chamar atenção e prender o telespectador.
É o atalho. Não, não merecemos atalhos. Merecemos mais Alinnes Moraes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário