João Cotta/TV Globo
A Globo promoveu nesta semana uma
dança das cadeiras na direção de alguns de seus programas jornalísticos.
A mudança mais relevante é a saída Luiz Fernando Ávila do posto de
editor-chefe adjunto do Jornal Nacional, cargo que ocupava desde 2007, o
segundo na hierarquia do principal telejornal brasileiro, abaixo apenas
do editor-chefe, William Bonner. A Globo diz que Ávila foi "promovido" a
editor-chefe do Jornal Hoje, um jornal menos importante. Nos bastidores
da emissora, a versão corrente é a de que Bonner pediu a cabeça de
Ávila, com quem vinha tendo atritos.
A saída de Ávila causou um efeito
cascata: Teresa Garcia, atualmente editora-chefe do Jornal Hoje, vai
assumir a chefia de Redação da Editoria Rio, no lugar de Márcio
Sternick, que passará a ocupar a chefia de Redação de Rede, função
exercida por Monica Barbosa, que por sua vez será deslocada para a
chefia de Redação do Globo Repórter. No lugar de Ávila no JN, entrará o
editor Fernando Castro.
Como editor-chefe adjunto do Jornal
Nacional, Ávila era o profissional que de fato fazia o telejornal andar,
tomava as decisões que resultavam nas principais reportagens e grandes
coberturas do telejornal. Um dos responsáveis pelo Emmy de 2011, pela
cobertura da ocupação militar do morro do Alemão, no Rio de Janeiro, o
jornalista estava em choque com Bonner.
Segundo uma fonte no JN, Bonner vinha
pressionando Ávila. O relacionamento dos dois estava péssimo e piorou
ainda mais recentemente, quando Bonner tirou do Jornal Nacional um
editor que é amigo pessoal de Ávila. O editor-chefe adjunto não foi
consultado sobre a "demissão" do amigo, comunicada à equipe em uma
reunião em que ele não estava.
Apesar da fama de bom-moço, nos bastidores da Globo Bonner é tido como um profissional exigente, quase insuportável. Ele foi pivô da queda de Patrícia Poeta no Jornal Nacional, em setembro do ano passado.
A Globo nega que Bonner e Ávila tenham
tido qualquer desavença. A versão oficial é a de que Ávila foi
"promovido", em uma "movimentação natural de qualquer Redação".
De acordo com profissionais do
jornalismo da Globo, no entanto, Ávila não ficou nem um pouco satisfeito
com a mudança, já que foi "promovido" a um telejornal que a cúpula da
emissora dá pouca importância, quando o natural, como já ocorreu com
outros profissionais que ocuparam seu cargo, seria uma vaga de diretor
na emissora.
Luiz Fernando Ávila com o Emmy de jornalismo conquistado pelo Jornal Nacional em 2011
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