7 de setembro de 2014

Paulo Betti fala sobre o sucesso Téo Pereira, de ‘Império

Paulo Betti fala sobre o gay Téo, de ‘Impéri’: ‘Fazer uma bicha louca é um prato cheio’
Paulo Betti fala sobre o gay Téo, de ‘Impéri’: ‘Fazer uma bicha louca é um prato cheio’ Foto: Roberto Moreyra

Paulo Betti vasculhou e encontrou Téo Pereira dentro de si. A mão caída, a cadência mole das frases terminadas num bico, o jeito espevitado e aflito, por vezes cínico, estavam adormecidos no ator. Descobertos, emprestam-se agora a uma fase rosa, conscientemente exagerada, vivida no grito, parte de um mundo de purpurina, fofoca e sutileza enrustida.
 É esse gay que dá pinta que tenho dentro de mim
Paulo Betti
— Você bota para fora algum lado seu. Assustador, às vezes, quando faz um criminoso. Divertido, como é o caso deste personagem. Sou intenso, gesticulo muito. É esse gay que dá pinta que tenho dentro de mim — explica Betti, de 61 anos, o superlativo blogueiro de “Império”, que esboça um comentário malicioso: — Fazer uma bicha louca é um prato cheio. O difícil é encontrar o tom certo, porque tem muito especialista na área, muito entendido (risos).
O ator se refere à resposta dada nas redes sociais tão logo seu personagem entrou em ação. Desgostosos e gostosos se manifestaram. Paulo, contudo, desfila ao largo. “Tem gente que não suporta Tony Ramos”, diz, recusando a unanimidade. Além do mais, era dessa voltagem proporcionada por uma trama das nove que ele estava à caça.
— Faz tempo que não fazia um personagem que me empolgava tanto. Tem que fugir do esquema caretinha do realismo. Dá para brincar um pouco fora disso. E esse aspecto contraditório, certa polêmica, faz parte. Nos mercados, as pessoas falam. Estava no ar até bem pouco tempo (seu papel anterior na TV foi em “Malhação”), e as pessoas não falavam. Me olhavam. Desta vez, elas fazem questão de falar— afirma.
Foto: Roberto Moreyra
Criado no berço do excesso e mal-amado na ficção, Téo tem seus admiradores. O ator ouviu de João — seu filho de 11 anos com Maria Ribeiro, com quem ficou casado de 2001 a 2005 — que a torcida entre os colegas de escola é que o blogueiro tire Cláudio (José Mayer) do armário. Uma surpresa, também dentro do ambiente familiar, veio de um sobrinho.
— Ele tem 50 anos e é gay assumido. Ele me disse que todo mundo estava curtindo. E acrescentou uma coisa emocionante: que meu irmão, já falecido e que era bem mais velho, sempre foi compreensivo. Tinha outra imagem dele. Trabalhava na roça, criava porcos, um homem lindo, de olhos azuis, com barba. “O pai até sugeria garotos para mim”, ele me disse. Achei isso revelador. E é uma coisa que, como ator, te dá segurança também — recorda.
Numa época de discussões ferrenhas acerca dos direitos dos homossexuais, Paulo espera que o papel contribua para uma melhor aceitação da diversidade.
 Precisa ser muito macho para assumir a sua condição de gay. Não é uma coisa simples e fácil
Paulo Betti
— Precisa ser muito macho para assumir a sua condição de gay. Não é uma coisa simples e fácil. Essas pessoas têm que ter direito de exercer a sua escolha. Dos meus melhores amigos, muitos são gays. Não vejo uma ditadura gay. Vejo uma luta — ressalta o ator, que completa: — Quando era garoto, sempre ouvia alguém falando que havia saído com algum gay famoso em troca de presente. A gente foge de muitas perversões quando é garoto. Sexo com animais... A gente vai conseguindo driblar. Tive uma educação sólida. Nunca dei mole. Das poucas vezes que fiquei nas ruas, escutei histórias. A questão se coloca agora com Robertã

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