Cecília abriria essa retrospectiva até mesmo se a ordem escolhida fosse cronológica. No começo de janeiro ela foi enviada até Paris, o epicentro do planeta em 2015, para cobrir o atentado terrorista contra o jornal satírico Charlie Hebdo.
Mal podia prever que aquele não seria o ponto máximo da carnificina na cidade-luz. Em novembro, um novo banho de sangue ainda maior. Dessa vez com o momento emblemático da cobertura sendo o desabafo de Ilze Scamparini sobre o cansaço de acompanhar os desdobramentos.
Meses antes, quem se cansava mesmo que distante era Christiane Pelajo, ainda apresentadora do “Jornal da Globo”, que adentrou pela madrugada para acompanhar a caçada aos suspeitos do massacre na publicação francesa.
Mas eles acabariam pegos mesmo quando era tarde no Brasil e o plantão caiu sob a responsabilidade de Evaristo Costa, do “Jornal Hoje”, que chegou a interromper a si próprio para os estados que assistem o telejornal gravado. Efeitos da Rede Fuso, que prejudica a integração do país nesses grandes momentos.
Evaristo, aliás, ficou muito tempo afastado de sua parceira de bancada Sandra Annenberg. Mas por um bom motivo: a apresentação eventual do “Fantástico”, função que voltará a exercer em 2016.
Outras profissionais que tiveram subida de status profissional destacadas nas colunas do NaTelinha foram Paloma Tocci, a nova titular do “Jornal da Band”, e Monalisa Perrone, que além do seu “Hora 1”, também voltou a se destacar no Carnaval.
Enquanto isso, alguns excelentes profissionais se viram dispensados, casos de Eduardo Grillo e Sidney Rezende na Globo News e Aurora Bello no SporTV.
Outra saída da Globo News, porém há mais tempo, Mariana Godoy estreou seu talk-show na Rede TV em altíssimo nível. Seu desempenho no comando da atração é uma das melhores surpresas do ano.
O canal osasquense, além desse, vem emendando diversos outros acertos, como a aquisição de eventos do porte da Superliga e do NBB. Na cobertura dos ataques em Paris, por exemplo, a Rede TV foi a primeira brasileira a estabelecer link nas ruas da cidade.
E foi justamente nessa cobertura que William Waack se revelou bem melhor sozinho no comando do “Jornal da Globo” do que acompanhado por Christiane Pelajo. O que é de se estranhar é que Christiane teve sua abrupta saída sem nenhum anúncio oficial no ar.
E duas duplas formadas via satélite ganharam o público com boas sacadas na ponte aérea Rio-SP: Chico Pinheiro e Rodrigo Bocardi e William Bonner e Maria Júlia Coutinho. Seja na chamada matinal, seja na previsão do tempo noturna, esses pares de grande sintonia se destacaram.
O estilo de bom humor invadiu também muitas reportagens, com Phelipe Siani e Danilo Vieira sendo os seus maiores expoentes para o bem e para o mal, já que muitas vezes as gracinhas passaram do ponto.
Tudo depende de uma questão de adaptação, como o próprio “JN” fez após exageros no lançamento de seu novo formato.
Enquanto isso, outros nomes querem mesmo é partir para uma escala mais séria, como José Luiz Datena, declarado pré-candidato a Prefeitura de São Paulo.
No pleito, ele pode ter como oponentes Celso Russomano (do “Hoje em Dia” e “Cidade Alerta”), João Dória Júnior (do “Show Business”) e Marta Suplicy (ex-“TV Mulher”). Seriam eles a solução para conter a revolta dos brasileiros com a política?
Além das investigações em curso na Lava Jato que vem destacando as equipes das grandes emissoras em Brasília, o palco do poder e as decisões tomadas de lá também geraram grandes manifestações que varreram o país em diversas ocasiões.
A primeira delas, em março, ganhou tanta atenção que ofuscou outro grande acontecimento daquele fim de semana: uma tragédia rodoviária com 51 mortos.
O futuro, aliás, não parece estar sendo alto de tanta atenção assim mesmo com esses alertas. A cúpula do clima em Paris também acabou escanteada no agendamento dos grandes meios.
O que não deu para ignorar foi o desastroso terremoto no Nepal, ocorrido justamente enquanto Clayton Conservani e Carol Barcellos gravavam o “Planeta Extremo” no país.
A dupla, claro, acabou fazendo uma cobertura do sismo e de suas consequências ao longo de diversos dias, conseguindo furos até mesmo em nível internacional.
Enquanto o SBT não consegue acertar nem mesmo o seu presente. Tirou o “Notícias da Manhã” do ar e tornou o “Jornal do SBT” gravado, restando apenas 1 noticiário ao vivo fixo na emissora. Saíram de cena ainda os boletins ao longo da programação e o “SBT Manhã”, substituído por reprises do “JSBT”.
Na via contrária, a Globo colocou programetes do seu portal ao longo dos intervalos e de determinados programas. Do “G1 em 1 minuto”, aliás, destaca-se o excelente desempenho de Mariana Palma.
Enquanto novos nomes surgem, outros se vão. 2015 foi ano de se despedir de Beatriz Thielmann e Sandra Moreyra, donas de textos impecáveis e que farão muita falta para todos.
Mas o grande momento de comoção por um falecimento ficou para a morte de Cristiano Araújo, ídolo sertanejo. Os principais canais seguiram todos os seus funerais com boletins constantes e até modificações de grade. Já o “A Tarde é Sua” muito possivelmente deve estar com “novidades” sobre o tema até agora.
Em regra geral, porém, o sensacionalismo perdeu espaço no ano. Até como consequência da grave crise que bateu na porta dos brasileiros, a revolta maior ficou para as notícias da política e a economia, sem ser preciso que a fórmula de usar crimes passionais fosse tão desgastada em busca de números quanto em outras ocasiões.
Já para 2016, os olhos do telejornalismo terão que se dividir entre a atual e a antiga capital federal: com o processo de impeachment em andamento e as eleições municipais ocorrendo, Brasília renderá muito assunto. E nada indica que o arsenal de Sérgio Moro tenha se esgotado.
Em agosto, porém, seja com quem estiver no poder, vai ser a vez dos Jogos Olímpicos tomarem a tela.
E enquanto o maior evento poliesportivo do planeta ainda não desembarcou por aqui, o futebol europeu segue avançando, com a Liga dos Campeões se tornando um produto cada vez mais valorizado.
Tamanha a importância da Champions que a sua aquisição finalmente concedeu ao Esporte Interativo o passe livre para ser disponibilizado aos assinantes da NET. Em breve, somente a Sky irá ignorar o EI entre as grandes operadoras.
Enquanto o “Jogo Aberto Rio” ficou sem Larissa Erthal. Ou qualquer outra apresentadora. A atração foi encerrada por causa na crise da Band. Pior ainda é a falta de bom senso muitas vezes existente na sobrevivente versão paulista do programa.
A Record também decepcionou. No Pan de Toronto, o grande aquecimento para Olimpíada, a emissora chegou ao ponto de ignorar até a abertura do evento.
Só resta aguardar o que os canais irão de fato colocar em prática nessa que vai ser apenas uma das marcantes coberturas que o novo ano nos promete. Nós estaremos de olho.
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