Num ano em que o jornalismo se destacou –
em meio a crises políticas, terrorismo, eleições nos EUA –, a
teledramaturgia sobressaiu graças ao desempenho de atores, autores e
diretores em cenas que arrebataram a audiência e “tombaram” as redes
sociais. Relembre algumas das sequências mais marcantes do ano nas
novelas da Globo, da Record e do SBT!
Maior sucesso da faixa das seis nos
últimos anos, “Eta Mundo Bom” apresentou cenas divertidas e
emocionantes, dos disfarces do professor Pancrácio (Marco Nanini) a
trajetória de Candinho (Sérgio Guizé) e o reencontro com sua mãe,
Anastásia (Eliane Giardini). Mas o que chamou a atenção mesmo foram os nudes
de Romeu (Klebber Toledo), fazendo a caipira Mafalda (Camila Queiróz) e
a audiência tremer! O rapaz surgiu nuzinho em diversas ocasiões,
deixando a moça doida para sentir a bicada do seu “cegonho”; quando
enfim conseguiu levar Mafalda ao altar, não chegou a dizer o “sim” – ela
o abandonou para se unir a Zé dos Porcos (Anderson di Rizzi) no último
capítulo da novela de Walcyr Carrasco.
O último capítulo de “A Regra do Jogo”
selou o fim da trajetória criminosa do cínico Romero Rômulo (Alexandre
Nero), que, em dado momento da história, acreditou piamente ter se
convertido em um homem bom. A redenção, de fato, se deu quando o
político foi incitado por Zé Maria (Tony Ramos) a atirar em Juliano
(Cauã Reymond) – pasmem, filho de Zé – e hesitou. Diante da recusa, o
bandido-mor da trama de João Emanuel Carneiro executou o comparsa, para
desespero de Atena (Giovanna Antonelli). Nos instantes finais, a loira
surge com um filho nos braços, Romerinho, desfrutando do dinheiro que
roubou durante muito tempo da facção criminosa que muito se assemelhava
aos bandos de bandidos da vida real, dos peixes pequenos aos grandes.
Talvez tenha sido a cena mais dolorosa
de todos os tempos; certamente, foi o capítulo mais triste da história
da teledramaturgia. Após um dia de agonia, com informações
desencontradas a respeito do desaparecimento e a confirmação da morte de
Domingos Montagner, seu protagonista, “Velho Chico” trouxe uma de suas
personagens mais emblemáticas, dona Encarnação (Selma Egrei), levada
pelas águas do São Francisco. Num momento de confusão, a centenária se
atirou no rio intentando alcançar o Gaiola do Encantado, embarcação na
qual viu os espíritos de seu filho Inácio e do neto Martim (Lee Taylor).
Encarnação acabou salva pelo bisneto Miguel (Gabriel Leone) – pena que
este desfecho não se repetiu na vida real.
Com a direção inspirada de Luiz Fernando
Carvalho, criticada no início pelo conceito atemporal, “Velho Chico”
fez brilhar atores, novatos e consagrados, em passagens de engajamento
social e político – e de muito lirismo e emoção. Com a tragédia que nos
tirou Domingos Montagner e a opção por manter seu personagem, Santo,
vivo, a novela inovou com a câmera subjetiva, como se os atores se
reportassem ao telespectador em casa; este, por sua vez, se via na pele
do personagem. Nesta fase, destaca-se duas sequências com Olívia
(Giullia Buscacio, atriz que promete!): o anúncio de sua gravidez,
diante de toda a família Dos Anjos, e todo o capítulo de seu casamento
com Miguel, em que “Santo” chegou a dançar com a filha.
“Liberdade, Liberdade” tratou de temas
espinhosos no Brasil do século 18, em plena efervescência da
Inconfidência Mineira. Muitas foram as cenas impactantes da trama de
Joaquina (Andréia Horta), filha de Tiradentes (Thiago Lacerda), que,
após o exílio em Portugal, volta à Vila Rica para concluir as ações que
seu pai começou. Mas o que chamou atenção mesmo foi o casal André (Caio
Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira), que se entregaram à paixão
condenada, inclusive, pela lei. Foi a primeira cena de sexo gay na TV
aberta do Brasil, muitíssimo bem escrita por Mário Teixeira e dirigida
por Vinícius Coimbra. Um momento de extrema sensibilidade e rara beleza;
um passo à frente na história da televisão no Brasil…
“Totalmente Demais” foi tão bem
articulada pelos autores Paulo Halm e Rosane Svartman que ficou
impossível torcer apenas por Arthur (Fábio Assunção) ou por Jonatas
(Felipe Simas), na disputa pelo coração de Eliza (Marina Ruy Barbosa),
em determinados momentos da trama. No último capítulo, a modelo optou
por Jonatas, que havia se arriscado para salvar sua vida, dependendo de
uma doação da moça para conseguir se manter vivo. Fugindo de um feriado e
buscando minar os esforços da Record – que esperou o término do êxito
da concorrente para estrear “Escrava Mãe” –, a Globo levou ao ar o
desfecho da novela numa segunda-feira, com reprise na terça-feira, entre
o “Vídeo Show” e o “Vale a Pena Ver de Novo”.
Quer deixar a galera das redes sociais
irritada mesmo? Dê o contra! O autor Daniel Ortiz ignorou a voz da
internet ao unir Tancinha (Mariana Ximenes) e Apolo (Malvino Salvador)
no último capítulo de “Haja Coração”. O piloto de corridas seria,
supostamente, o preferido das telespectadoras que participaram dos
grupos de discussão da trama. No entanto, só se ouvia falar, em todo o
canto, na torcida por Beto (João Baldasserini). Tempos depois,
ventilaram a hipótese do publicitário ter ficado sem sua amada feirante
por, num ano de corrupção e desesperança, possuir um caráter torto,
digno de castigo. Como se o bandido Leozinho (Gabriel Godoy) não tivesse
tido um final feliz ao lado de sua Fedora (Tatá Werneck)…
“Justiça” apostou num roteiro truncado,
em que quatro histórias de vida corriam em paralelo até se ligarem em
ponto-chaves da narrativa. Lamenta-se que as tramas de quinta (a de Rose
(Jéssica Ellen), que perdeu o protagonismo ao longo dos capítulos) e a
de sexta (com um inexpressivo Cauã Reymond como o protagonista Maurício)
não tenham acompanhado a excelência dos enredos de segunda e terça,
estrelados por Elisa (Débora Bloch) e Fátima (Adriana Esteves). Destaque
para duas cenas: a que Elisa testemunha o assassinato de sua filha,
Isabela (Marina Ruy Barbosa), e a que Fátima fica noiva de Firmino
(Júlio Andrade), livrando-se de todos os males que a afligiram após sair
da cadeia, onde ficou por sete anos.
Na Record, as muralhas de Jericó
despencaram em “A Terra Prometida” sem fazer o mesmo barulho do mar se
abrindo em “Os Dez Mandamentos”. Muito mais folhetim do que a trama de
cunho bíblico, “Escrava Mãe” trouxe cenas inspiradas, que mobilizaram
grandes talentos, como Jussara Freire, Zezé Motta e Bete Coelho. A
talentosa Thaís Fersoza, contudo, foi quem mais se sobressaiu. Foram
tantos os bons momentos da atriz, na pele da vilã Maria Isabel, que fica
difícil eleger uma única cena. Thaís está irrepreensível nos momentos
em que a malvada destrata a escrava Juliana (Gabriela Moreyra) e a irmã
Tereza (Roberta Gualda). Um grande talento num produto muito bem
concebido por Gustavo Reiz e dirigido por Ivan Zettel.
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