28 de agosto de 2012

Justiça determina que estado pague mudança de sexo de pernambucano




O professor Alexandre Emanuel ., recifense de 45 anos nasceu mulher, mas nunca se sentiu confortável com os traços e as características femininas que possuía. Há 13 anos, começou uma luta para mudar de aparência, tomando hormônios e passando por cirurgias. Agora, ganhou na Justiça pernambucana o direito de passar por mais um procedimento, o definitivo: o que permitirá que ele tenha o órgão sexual masculino. Como em Pernambuco ainda não existe hospital público que faça essa mudança, a decisão obriga o estado a custear a operação no Hospital das Clínicas de Goiás, em Goiânia.

Hoje com barba, bigode, voz grossa e pêlos nos braços, Alexandre só guarda os traços femininos por fotos. Quando ainda era criança, aos 3 anos, lembra que pediu ao pai de presente de aniversário um carrinho de brinquedo azul, contrariando a preferência das meninas de sua idade. Ao chegar à adolescência, a crise de identidade só aumentou.

Quando Alexandre leu uma reportagem sobre o caso de Christine Jorgensen, uma transexual americana que nasceu homem e se tornou mulher, as coisas começaram a esclarecer e ele decidiu que precisava mudar de aparência. “Entendi o que sentia e o que eu era. Apesar de ser papéis inversos, o drama era o mesmo. Todo o sentimento é de estar no corpo errado”, contou o professor. A partir de então, foram anos de pesquisas em livros, internet, até procurar o setor de ginecologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), há oito anos.
Professor já registrado como "Alexandre" (Foto: Reprodução / TV Globo Nordeste)Professor já registrado como "Alexandre"
(Foto: Reprodução / TV Globo Nordeste)


 Foi no Cartório de Registro Civil da Boa Vista, no centro do Recife, que Alexandre conseguiu ter um novo documento, oficializando seu novo nome. Mas, para se sentir mais completo, o professor conta que ainda falta passar pela cirurgia que permite ter o órgão sexual masculino. Alexandre conseguiu entrar em contato com médicos goianos, que explicaram uma nova técnica, em que a cirurgia é feita sem a necessidade de colocação de prótese. Denominada de metoidioplastia, o procedimento consiste no aumento do clitóris com tratamento hormonal e na construção de um canal ligado à uretra.

O caso foi acompanhado pelo Núcleo de Defesa do Consumidor da Subdefensoria das Causas Coletivas, que tentou a realização da cirurgia de forma administrativa. Como não foi possível, foi ingressada a ação na Justiça, que decidiu pelo custeio do procedimento em Goiás pelo governo do estado. A Procuradoria Geral de Pernambuco informou que ainda não foi citada nessa decisão da Justiça e que só pode se pronunciar quando for citada.

“Agora é só o retoque final. Muita coisa já consegui. Vejo a imagem como se estivesse com um facão, abrindo clareira, mas aí paro, porque não tem médicos, não tem exames. Foi muito massacrante para conseguir muita coisa. Eu apareço hoje porque aqueles que estão vivendo nas sombras do seu “eu” possam vir para a luz. Embora muitos digam que eu estou me levando para a perdição, mas quem vive na sombra, não alcança a luz”, concluiu Alexandre

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