Juliana Paes, a Bibi de 'A força do querer' (Foto: TV Globo)
“A força do querer” é um argumento e tanto a favor da corrente que defende que as telenovelas não estão nem perto da extinção. Ao contrário. Sem se distanciar um milímetro do melodrama e sem sombra de influência das séries estrangeiras, colecionou altas audiências e se estabeleceu como assunto obrigatório em todas as rodas de conversa. Fez tudo isso se mantendo sempre um novelão.
A produção escrita com tanto brilho por Gloria Perez e dirigida com muita competência por Rogério Gomes chegará ao seu desfecho, na próxima sexta-feira, evitando até a “barriga” — um pequeno pecado tradicionalmente perdoado pelo público. A principal razão para esse êxito, claro, é a boa história. Como é praxe, Gloria preparou algumas tramas antes da estreia sem ter a certeza de qual delas agradaria. Ocorreu que todas emplacaram e os núcleos estiveram no ar simultaneamente quase o tempo inteiro com fôlego equivalente. É algo raro. Isso aconteceu porque os enredos são atraentes, ninguém discute. Mas também porque a autora — uma veterana, reconhecida herdeira de Janete Clair — soube aderir às evoluções do gênero. “
A força do querer”, a exemplo de “Avenida Brasil”, só para citar outro sucesso do horário, teve poucos personagens e todos eles com alguma importância para o andamento da ação. Seus núcleos dialogaram, o que potencializou tudo. Com isso, Bibi (Juliana Paes) passou pela casa de Silvana (Lilia Cabral); Ritinha (Isis Valverde) veio do Pará e teve voz nos conflitos de Ivana (Carol Duarte) e assim, sucessivamente, até que esse embaralhamento servisse a construir uma grande história. Nas novelas modernas, os elencos são compactos e é preciso cativar o espectador com um enredo que não estaciona. Na última quinta-feira, depois da visita de Bibi a Rubinho (Emilio Dantas) na prisão, houve um flashback, muito exemplar, que serviu para reafirmar tudo isso. Pudemos constatar que a personagem passou por muitas aventuras, se transformou, mas não perdeu a coerência — ela apenas se desiludiu.
“A força do querer” chega ao fim redonda e muito, mas muito bem mesmo
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