23 de outubro de 2012

A ESTRÉIA DE "SALVE JORGE"

Nanda Costa e Rodrigo Lombardi, os protagonistas de "Salve Jorge"
Com um pé na Turquia e outro no Brasil, “Salve Jorge” começou focando na pacificação do Complexo do Alemão. Lá, para onde foi enviado o agente da cavalaria Theo (Rodrigo Lombardi), vive Morena (Nanda Costa) e é neste cenário que o casal de mocinhos descobrirá o amor. Antes, porém, a trama fez questão de mostrar como se deu o processo de pacificação da favela, com instalação das UPPs. O que poderia ser uma superprodução, no entanto, evidenciou uma fotografia clássica em excesso. Se a antecessora, “Avenida Brasil” usava e abusava do recurso de câmera na mão e de planos fechados, desta vez o que se viu foi um excesso de planos fixos e imagens tratadas na pós-produção, usadas em telejornais. Perdeu-se ali a chance de mostrar o conflito de forma mais complexa. Tudo pareceu rápido e rasteiro, mas não ofuscou a história que Gloria Perez vai contar. A primeira cena, no entanto, que mostra a protagonista sendo leiloada no exterior, dá mostras de que fortes cenas estão por vir.
A julgar pelo primeiro capítulo, a nova trama das nove empolga mais em seu lado conterrâneo que estrangeiro. É inevitável não traçar comparações com histórias como “O Clone” e “Caminho das Índias” ao ver figuras como Antônio Calloni desfilando expressões típicas e, claro, falando português claramente mesmo tendo nascido em outro país. Pelo lado de cá, Morena foge do modelo convencional de mocinha sonhadora e investe no barraco sem medo. Suburbana, lembra figuras como Lucinha (Betty Faria/Carolina Ferraz), de “Pecado Capital”, de Janete Clair, folhetim que, por acaso foi reescrito por Gloria Perez em 1998. A escalação de Nanda Costa para o papel principal, aliás, pode ser considerado desde já um grande acerto. É carismática e intuitiva, embora possa assustar à primeira vista com o jeito “marrento” de sua personagem.
Levando em consideração um único capítulo como base, “Salve Jorge” parece ser um folhetim clássico no melhor do que ele representa. Núcleos familiares, humor bem dosado, cenas sem grande ousadia técnica, mas que funcionam. Dá mostras de que a novela deve pegar, como ocorreu com as últimas produções assinadas por Gloria Perez, que, se for esperta, deve explorar mais o universo do tráfico, especialmente apostando em personagens que flertam com o crime como Lurdinha (Bruna Marquezine), periguete que promete fazer barulho.
No quesito audiência, a novela ficou abaixo dos índices de estreia de “Avenida Brasil”, que havia registrado 37 pontos com 40 em seu lançamento. De acordo com dados prévios do Ibope, “Salve Jorge” marcou média de 36 pontos com pico de 38. Último trabalho de Gloria Perez no horário, “Caminho das Índias” teve 39 pontos. Compare com os números dos primeiros capítulos das últimas novelas das nove da Globo:
“Salve Jorge” – 36 pontos
“Avenida Brasil” – 37 pontos
“Fina Estampa” – 41 pontos
“Insensato Coração” – 37 pontos
“Passione” – 37 pontos
“Viver a Vida” – 42 pontos
“Caminho das Índias” – 39 pontos
“A Favorita” – 35 pontos

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